terça-feira, 23 de março de 2010

Rapper português morto pela polícia em perseguição automóvel

O MC português Snake, conhecido por trabalhar com Sam The Kid, morreu na madrugada de Segunda-feira, 15 de Março, em Lisboa, baleado por um agente da PSP, após uma perseguição automóvel.
O vocalista convidado da música "Negociantes", de Sam The Kid, terá desobedecido aos sinais de
paragem da polícia, que o perseguiu desde a Doca de Santo Amaro até à Radial de Benfica, em Lisboa.
Segundo o Público, foi aqui que foram "efectuados disparos de arma de fogo", dois deles para o ar; citada pelo mesmo jornal, a família do músico diz que a bala que matou Nuno "Snake" Rodrigues perfurou a traseira do carro, atravessou dois bancos e atingiu o condutor nas costas.
Também em declarações ao público, Sam The Kid mostrou-se revoltado com o sucedido: "Ele já tinha estado preso, mas essa vida era passado, agora era a música. O Snake era negro, rapper, de Chelas. Cria-se um estereótipo. Se fosse branco e usasse gravata, teriam disparado?".
Ao Correio da Manhã, Sam The Kid disse que o amigo era "um puto bom, com gosto pela vida".
A edição de hoje do Correio da Manhã adianta que Nuno Rodrigues, que começou por ser mandado parar numa Operação Stop, "tinha carta de condução e não levava droga ou armas no carro - um Lancia Y10 da mãe com os documentos em dia".
A família da vítima não acredita, de resto, na teoria de perseguição automóvel, assegurando, pela voz da irmã Núria, que o carro "mal andava".
Também segundo o Correio da Manhã, Nuno Rodrigues estava "referenciado por tráfico e terá estado envolvido num recente tiroteio junto à discoteca Kremlin".
O agente que disparou sobre o rapper foi ouvido pela Polícia Judiciária e constituído arguido. Além do processo-crime, a PSP já garantiu a abertura de um inquérito interno.
O autor do disparo tem 27 anos e trabalha na Equipa de Intervenção Rápida da PSP desde o início deste ano.
Nuno Rodrigues, aka MC Snake, também actuava ao vivo com Sam The Kid. Deixa uma filha de dois anos.


http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?fokey=bz.stories/58722&p=stories&op=view&page=4&num=10


3 comentários:

  1. Caros Colegas,

    hoje na aula falamos dos princípios constitucionais que são fundamento, critério e limite à actuação da Administração Pública.
    Neste caso que se tornou mediático, parece-me haver aqui uma claro violação do princípio da proporcionalidade.
    A ideia de responder com tiros a alguém que não para numa operação STOP parece-me altamente questionável.
    A família veio já declarar que irá interpor uma acção contra o polícia e pressupõe-se que também contra o Estado.
    Resta-nos agora esperar para ver qual o resultado da acção. Não deixa contudo de ser lamentável que uma vida se tenha perdido assim.

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  2. Caros colegas,

    No âmbito do seminário de Direito Europeu dos ireitos do Homem, em que alguns alunos do segundo ano participaram este semestre, estudamos um aspecto que me parece interessante e relevante: o Estado português pode em casos como este ser responsabilizado pela falta de preparação dada aos seus agentes na condução de operações semelhantes a esta. Incumbe nas obrigações do Estado ter ao seu dispor um corpo policial altamente treinado de modo a lidar da melhor forma com todas as situções evitando a todo o custo casualidades desnecessárias, como parece ser esta.

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